Você não é cafajeste e nunca será!




Este texto não tem como objetivo julgar se é bom, ruim, certo ou errado ser cafajeste, mas simplesmente trabalhar a ideia de que se um homem não cafajeste em personalidade, tem pouquíssima chance de se satisfazer com a tentativa de um dia se tornar um, aprendendo supostas técnicas.

Não adianta chorar, espernear, ofender ou dar uma de valentão. Não importa quantos cursos para macho alpha o cara fez, nem de quantos fóruns sobre masculinidade ele participou, se a personalidade dele não for compatível com a de um cafajeste, ele só conseguirá ser um “simulacro de cafa” e ser utilizado como objeto alheio até o dia em que chorar por ter sido largado.

Mas por que eu digo isso?

Vou explicar:

A maioria dos homens que passaram por algumas das situações abaixo tenderão a querer se comportar como cafajeste ao ler ou ter contato com algum conteúdo, existente aos milhares na internet e fora dela, para “machos alfas”, na tentativa de se vingar de todas as mulheres do mundo ou quiçá da galáxia inteira:

. Foi um “banana” (bobão pegajoso que não valoriza a mulher) em algum relacionamento;
. Foi traído;
. Terminou um relacionamento (provavelmente por ter sido um banana) e passou meses atrás da ex-namorada tentando voltar, e nada...;
. Foi machista nível hard até achar uma mulher que não aceitava, e aí foi traído ou abandonado;
. Era romântico ao extremo e achava que ser cavalheiro e bajulador criaria atração e garantiria algum relacionamento duradouro.

Mas qual o problema em um cara quere se tornar um cafajeste?

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Em um primeiro momento não há problema algum. Trata-se apenas de um dos milhares de padrões de comportamento existentes, ou seja, pode funcionar ou não. Mas a coisa começa a desandar quando socialmente o cara se imagina um homem feliz por ser pegador (como se fosse algo difícil nos tempos atuais), mas dentro dele existe apenas medo, tristeza, fraqueza, ilusão e misoginia.

Entendam uma coisa, um comportamento social pode ser totalmente copiado, replicado, basta reparar nas interpretações de atores no cinema. O que eles fazem é nada mais nada menos do que copiar (interpretar) comportamentos alheios aprendidos com muitas técnicas. Um ator pode muito bem interpretar um papel de um cara durão e insensível, e mesmo assim não o sê-lo na vida real, não é verdade? É muito comum ler depoimentos desses atores dizendo que interpretaram um determinado papel em um filme que não condiz em nada com a sua real personalidade.


Marlon Brando sendo durão e insensível no cinema

Bom, você já percebeu onde eu quero chegar. A grande maioria dos que se intitulam cafajestes estão na verdade apenas interpretando um papel. Sendo o que não são. Mas Mion, e daí? E se eles interpretarem tão bem que até consigam obter os mesmos resultados de um cafajeste em essência? Bom, o problema não é esse. Fazer as pessoas acreditarem em uma mentira não é muito difícil. De fato, com algumas técnicas e bastante treino é possível fazer qualquer homem reproduzir algum tipo de comportamento desejado, cafa fake, por exemplo. Não é difícil. O problema maior está no conflito de personalidade, na irreal satisfação das carências pessoais e na verdadeira qualidade de vida que não é alcançada.

Perceba, quando você interpreta um determinado papel, essa atuação gera reações no ambiente externo – as pessoas reagem à forma como você se comporta – e por óbvio, também gera alterações internas – você interpreta as reações das pessoas e por consequência também reage a elas, a questão é que essas reações podem ou não coincidir com seus anelos pessoais e seus desejos mais íntimos. Para simplificar ainda mais a explicação: não adianta você instalar outro sistema operacional no seu computador se o HD dele está com defeito ou não suporta tal sistema. Entendeu? 


A maioria esmagadora dos que se intitulam cafajestes (e adoram gritar isso aos quatro cantos) são infelizes e meros escravos do milenar comportamento machista. Saem do um habito de ser um “banana” em um relacionamento para serem escravos da quantidade (geralmente nem é tanta). Pega uma, pega geral, também vai pegar você. Será?


“Cafa fake” quando consegue “pegar” duas mulheres seguidas depois de 100 tentativas

“Cafa fake” quando não consegue “pegar”  mais nenhuma e leva fora da mulher ao qual se apaixonou

Opa, mas não é isso que faz todo homem feliz?

Não, não é. Se fosse todos estariam contentes, satisfeitos e serelepes, e embora nas redes sociais todos apareçam sorrindo, as estatísticas mostram justamente o oposto. Se a sua personalidade e estrutura psíquica continua a mesma, ou seja, se as chaves que padronizam suas vontades mais íntimas continuam intactas, seus desejos também continuaram, e o máximo que você conseguirá simulando uma personalidade cafajeste é uma satisfação social efêmera, fugaz, simplória demais para um ser humano. Você se sentirá vazio e insatisfeito, até voltar a agir como agia antes.

Enquanto as mulheres se descobrem cada vez mais como seres independentes e possuidoras de uma estrutura erógena complexa, você meu caro, quer se tornar um “cafa fake” para tentar apagar sua atuação debiloide como homem em relacionamentos passados. Tapar o sol com a peneira. 

O triste disso tudo é que 90% das técnicas utilizadas para isso são baseadas quase que exclusivamente na probabilidade. Se o cara tentar interação com 100 mulheres a chance dele “pegar” 1 é maior do que se interagir com apenas 2. Ou seja, vai tentando, uma hora aparece uma que cai na dele, mas mesmo que caia, ele vai continuar no próximo final de semana, sendo escravo dessa situação, e a única coisa que muda agora em relação a como ele era antigamente é a proporção. Antes levava fora de uma, era considerado um pamonha por uma, agora são 10, 50, 100, até conseguir algum bom resultado. 

Existem formas de se conhecer melhor, compreender a sua essência e eliminar os defeitos do ego que destroem suas interações sociais. Depois disso, aí sim, se o seu perfil natural, se a sua pulsão sexual ligada a relacionamento amoroso for compatível com a personalidade padrão que muitos denominam como a de um cafajeste, então sim, você pode vivenciar isso de forma mais satisfatória, caso contrário, voltará para casa todos os dias incompleto e com a sensação de ter apenas uma missão na vida: “pegar mulher”. Nem o mais banal dos homens deveria se limitar a isso.

Abraço e até a próxima!